POESIA GOIANA
Coordenação: SALOMÃO SOUSA
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FLORIANO FREITAS FILHO
(Nasceu em São Paulo, SP; reside em Trindade, Goiás)
Bacharel em Direito, Doutor em Economia de Empresas, advogado, professor, cronista, pesquisador e conferencista, além de poeta.
É musicólogo, expert em música erudita, especialmente ópera.
Publica poemas em revistas literárias e na internet.
Professor Adjunto Aposentado na empresa UnB - Universidade de Brasília.
BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6 BRITO, Elizabeth Caldeira, org. Sublimes linguagens. Goiânia, GO: Kelps, 2015. 244 p. 21,5x32 cm. Capa e sobrecapa. Projeto gráfico e capa: Victor Marques. ISBN 978-85-400-1248-6
Ex. bibl. Antonio Miranda
NOITE DE SONHOS
Longa noite de sonhos é esta vida,
escondida num riso de amargura,
no leito, repousando adormecida,
a ilusão do amor sempre perdura.
Raia o dia e a esperança tão sofrida,
do acordar da paixão que as mágoas cura;
a tristeza de vez se esvai perdida
num sonho só de amor e de ternura.
Mas, quando volta a noite, no enfadonho,
retorna tudo envolto na tristeza,
e a dor se oculta num esgar risonho.
Morre tudo, restando um ser tristonho,
que se embala na angústia da incerteza
de que retorne o dia e volte o sonho.
SONHO DE AMOR
Quando a vida se esvai, sem mais momentos,
e meu ser se dilui na eternidade,
o espaço e tudo o mais sem movimentos
transformam-se em passado sem idade.
Quando se vão sentidos, sentimentos,
nem há sequer lembranças, nem saudade,
pois tudo o mais se faz esquecimentos,
não há mais nada, além da liberdade.
Então, eu e você seremos nós;
luz e sombras espalham-se em penumbra,
sem fim, onde quisermos, onde for.
O final é o finalmente sós!
E nada mais existe e nos deslumbra,
Sendo este teu, meu, sonho d´amor!
VIDA E AMOR
O amor será que pode ser eterno?
Experimente amar e então verás,
quem sabe a placidez, ternura e a paz,
ou só desilusões, o horror do inferno!
O amor nos faz servis, se subalterno.
Sem regras, é terrível, é fugaz.
Sutil, mas que ninguém ele é capaz,
de ser vulgar, cruel ou muito terno.
Se meus e teus cabelos coar de neve,
contassem os amores já vividos,
assim responderiam à questão:
o amor é-nos eterno mesmo breve,
pois quando vem, acabam os sentidos,
e o tempo esvai sem fim no coração.
SONETO DE MEUS SONHOS
A vida são momentos maus e bons:
momentos de ternura a ser lembrados,
momentos de tristezas olvidados,
momentos musicais, seus doces sons;
lembranças, nostalgia em vários tons
que vivem n´alma e lá são transformados
em tantos sentimentos inspirados
em que afloram dos artistas por seus dons.
Assim, nasce a beleza ou a feiura,
na pedra, no romance, na pintura,
em tudo feito em versos, poesia.
Mas é do amor eterno que se apura
sublime sentimento que perdura
no mais lindo dos sonhos a mim cria.
GAROTO POBRE
Sonha garoto, sonha co´o futuro,
filho que és da esperança e da pobreza.
Aprendeste bem cedo o quanto é duro,
disputar a migalha da riqueza.
Joga este olhar tão triste, tão maduro,
por sobre a vida, acima da fraqueza,
e vê ao longe, ainda que obscuro,
o teu caminho. Segue-o com firmeza.
Não desiste. Se frio é sê conciso.
Transforma tua lágrima em sorriso,
deixa a razão traça o teu destino.
Um dia alcançarás teu Paraíso.
Responde-nos então: — por ser preciso,
valeu a pena crescer sem ser menino?
SAUDADE E POESIA
Saudade, pedacinho de verdade,
que a vida não traz mais e não se esquece.
São sombras de momentos que se tece,
num sonho que nasceu da realidade.
E quanto mais se alongue nessa idade,
maior será o manto em que se aquece
a fria dor da mágoa que fenece
no encanto do retorno à mocidade.
Assim se vão tristeza, desencantos,
as alegrias vêm, os acalantos,
em doces rituais de nostalgia.
Ninguém resiste tanto a seus encantos
como o poeta triste nos seus prantos.
Saudade é verdade em poesia!
VELAS SOLTAS
Quero romper amarras, velas soltas,
E singrar meu destino sem destinos,
Onde houver águas plácidas, revoltas,
Onde houver sensatez ou desatinos.
Transar com criaturas loucas, doutas,
E ver o mundo co´os olhos peregrinos,
Por onde houver presenças desenvoltas,
E vidas, com seus gritos, com seus hinos.
O amor jamais se prende com grilhões,
Fenece nas galés do dia-a-dia,
Não sobrevive a sombras, a prisões.
O amor é qual a nau que não tem guia,
Levada pelos ventos, vagalhões,
Quais sonhos, velas soltas, poesia!
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Página publicada em junho de 2021
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